JICA e Abjica receberam grande público no Workshop Internacional de Educação em Prevenção de Desastres Naturais

O Workshop Internacional “Educação em Prevenção de Desastres Naturais” reuniu público de diferentes setores como engenheiros, professores, bombeiros e policiais da Defesa Civil. O evento aconteceu no dia 16 de agosto, no Auditório do Conselho Regional de Química (CRQ IV), em Pinheiros, São Paulo-SP.


A iniciativa faz parte da orientação do Governo japonês para compartilhar as experiências adquiridas no trágico terremoto seguido de tsunami ocorrido na região Leste do Japão, em 11 de março de 2011. Nessa ocorrência constatou-se a eficiência da educação, especialmente das crianças, na prevenção de desastres naturais, comprovando que não se deve confiar apenas na eficiência da infraestrutura, mas também no preparo individual para enfrentar esses desastres.

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O evento contou com palestras dos professores Toshitaka Katada e Koichi Shima, (Universidade de Gunma); do coronel PM Benedito Roberto Meira (Secretário Chefe da Casa Militar e Coordenador Estadual da Defesa Civil); e do pesquisador Agostinho Tadashi Ogura , (Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT), que também coordenou a mesa redonda.

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Segundo presidente da Associação dos Bolsistas JICA – ABJICA, Guenji Yamazoe, o evento foi um dos primeiros passos, de muitos, que irão ajudar os brasileiros a se conscientizar da importância da prevenção de desastres naturais. “Foi um assunto novo, sobre Educação Ambiental preventiva, que poderá minimizar os resultados negativos de um desastre natural no Brasil”, afirmou.

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Saiba um pouco do que foi discutido nos workshops:
“Tendências e ações da Defesa Civil no Estado de São Paulo”
O Secretário-Chefe da Casa Militar e Coordenador Estadual da Defesa Civil, coronel PM Benedito Roberto Meira abriu os workshops e falou do trabalho desenvolvido por vários órgãos do Governo brasileiro, incluindo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais – CEMADEN e o Centro Nacional de Gerenciamentos de Riscos e Desastres – CENAD.

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Meira destacou a criação da Lei 12.608, de abril de 2012, inserida no Capitulo II da Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, que entre outras providências estabelece que “os currículos do ensino fundamental e médio devem incluir os princípios da proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma integrada aos conteúdos obrigatórios.” Uma das metas do coronel PM é apresentar proposta para as secretarias Estadual e Municipal de São Paulo, de inclusão de Noções de Defesa Civil no currículo escolar das crianças.

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A palestra terminou com a seguinte reflexão: “Para educar um filho é importante observar as companhias, o ambiente que ele frequenta, mas principalmente é dar exemplo. A calamidade é pública, mas a responsabilidade é de todos”, concluiu Meira.

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“Milagre de Kamaishi” – Aprendendo com as crianças que se salvaram do gigantesco tsunami de 11/03/2011, na região leste do Japão
O primeiro palestrante internacional foi o professor Toshitaka Katada, da Universidade de Gunma, no Japão. Katada desenvolve, há 10 anos, projeto com as crianças de Kamaishi, sobre conscientização e estratégias de evacuação em casos ou suspeitas de desastres naturais. A preparação para desastres faz parte do currículo nas escolas japonesas desde o grande terremoto de Kanto, em 1923, que devastou Tóquio e Yokohama.

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Kamaishi, uma cidade na província de Iwate, teve quase 3 mil alunos do ensino fundamental e médio da cidade salvos, resultado de exercícios regulares e rigorosos anti-desastres que as escolas realizaram. Esses alunos também salvaram idosos que encontravam pelas ruas e os bebês do berçario local. Segundo Katada, a população do Japão acreditava que o País estava preparado tecnologicamente para “dominar a natureza”, não imaginava que a natureza pudesse matar tanta gente e destruir cidades inteiras. O professor espera que o Brasil aprenda com a tragédia que passaram e não cometam os mesmos erros que os japoneses, pois é “País irmão do Japão”, disse.

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Na Educação para Prevenção de Desastres, os estudantes aprendem a respeitar a natureza, não deixar por conta do poder público, e ser proativo na defesa da própria vida. Ou seja, não se deixar levar por suposições; fazer o seu melhor; e ter a iniciativa da evacuação. “As crianças sabem que, primeiro, você precisa fugir, pois só estando vivo será capaz de salvar alguém. Os pais, sabendo que seus filhos estão procurando se salvar, também farão o mesmo, para que depois possam se encontrar”, finalizou Katada.

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“Novas estratégias de resgate das enchentes no Japão – Ferramentas de comunicação para apressar a retirada das áreas de risco”
Na segunda palestra internacional, o professor Koichi Shima, também da Universidade de Gunma, no Japão, falou sobre os informativos distribuídos aos moradores das províncias de Gunma e Saitama, próximos aos rios Tone (maior bacia hidrográfica do País) e Watarase, e as medidas para fuga em caso de enchentes.

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Shima afirma que são feitos workshops e treinamentos com a população local. Cada morador tem reservado kits de alimentos, para casos extremos. Há, também, programas de computador do Governo que simulam inundações e rompimento de diques. Os manuais entregues à população possuem informações do tipo “O que ter em casa, em estoque, para casos de alagamentos (alimentos, roupas, calçados, etc)?” “Como tentar salvar seus móveis, eletrodoméstico e objetos (álbuns fotográficos, livros, etc)?”, “Como fugir e se proteger?”, etc.

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“O papel de monitoramento e alerta”
Agostinho Tadashi Ogura, pesquisador do Laboratório de Riscos Climáticos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e colaborador do CEMADEN foi o último a falar e destacou a importância do monitoramento e controle de riscos em adversidades climáticas e topográficas.

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Ogura explanou sobre a necessidade de mapear e desenvolver suposições que levam risco à população. Citou que o Brasil é um País que possui ocupação territorial sem planejamento, causando prejuízos também ao homem, como alagamentos e deslizamentos, desastres mais comuns no País.

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Para finalizar, Ogura disse que o CEMADEN monitora 24 horas por dia situações de risco que possam gerar alertas à população brasileira, e que essas ações possuem resultado positivo, como a diminuição de mortes por causa de inundações, enchentes, enxurradas e deslizamentos, no período de fortes chuvas (novembro a abril). De novembro de 2010 a abril de 2011 houve 978 mortes, já no mesmo período dos anos seguintes, 57 pessoas vieram a óbito.

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