Curso measures for smaller industriess
Período janeiro a março de 1990
Diferentemente da maioria dos técnicos que participaram de treinamento no Japão via JICA, o meu caso foi para obter conhecimentos em organização de cursos da JICA, visando a implementação de cursos no âmbito do TCTP (Third Country Training Program) no Instituto de Pesquisas Tecnológicas.
Como eram os primeiros dos TCTP’s no Brasil, não havia experiência anterior. O convite para participar da organização destes cursos e possível viagem ao Japão me remeteu imediatamente à minha infância em Tupã – SP, onde morava vizinho da Igreja Budista da cidade, que também funcionava como o Kaikan local. A cidade é conhecida por ser uma grande colônia nikkey até hoje. Muitas festas tradicionais me chamavam a atenção, pela música, dança, culinária… Tudo muito diferente e fascinante.
Meu interesse pela cultura japonesa vem desta época, e então uma viagem ao Japão seria a concretização de um sonho, que poucos brasileiros conseguem realizar. Para um gaijin terceiro-mundista e subdesenvolvido no Japão, tudo era maravilhoso, desde a impecável programação e organização dos cursos até as maravilhas tecnológicas da época e a segurança de poder andar nas ruas a qualquer horário, sem medo de ser assaltado.
Uma médica brasileira que estava fazendo um curso de um ano em Osaka, e que nos dava dicas sensacionais, sugeria viagens de final de semana à Kyoto, pela proximidade e pela possibilidade de visitar mais de dois mil templos budistas e shintoístas.
Nas palavras dela, “em um ano, se você visitar cinco templos por dia, não será suficiente para conhecer todos; o Japão antigo, tradicional, é lá”.
Conhecemos muitas cidades, de Tóquio a Nagasaki, em viagens de estudos e passeios de finais de semana. E Kyoto foi certamente a mais visitada e mais apreciada. Já um colega de curso, nikkey peruano, afirmava que, após três meses no Japão, antes de regressar aos nossos países, deveríamos ter um período de adaptação, ou quarentena, ficando alguns dias em Los Angeles ou Nova York, para readaptação e volta ao nosso subdesenvolvido mundo.
Uma história corrente entre os brasileiros no Japão era de um conterrâneo que ficava impressionado com os japoneses, tão educados, acolhedores, trabalhadores, que dormiam muito nos trens de metrô, mas que acordavam exatamente na estação onde queriam descer. Então foi perguntar à sua mestre coordenadora do curso como aquilo era possível. Como os japoneses têm esta capacidade de autocontrole? A sensei sorriu e disse que os japoneses trabalham muito, então aproveitam o tempo no transporte para dormir. Quando acordam, e se já passou a estação que queriam desembarcar, tranquilamente descem na próxima estação e pegam um trem de volta ao lugar desejado.
Voltando ao nosso Brasil, participei da ABJICA como diretor do Departamento Editorial, e minha principal atribuição era a edição trimestral do boletim “São Paulo Kenshu-in”, atividade que, até o 2º trimestre de 1996, foi desenvolvida brilhantemente pelo Dr. Luis Massuo Maruta, na gestão do presidente Seigo Tsuzuki.
A partir do terceiro trimestre de 1996, foram então 51 edições do boletim. A edição de número 77 do boletim, de 5 de dezembro de 2009, foi a última impressa, celebrando os 25 da ABJICA e 50 anos da JICA no Brasil. Por sugestão da JICA, a partir de então, passamos a divulgar as notícias da associação em meios eletrônicos, para economia de papel.